terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Memoria gustativa e Madeleines


Procurando mais informações sobre comfort food, achei um tópico muito interessante: memoria gustativa. Basicamente é tudo que passamos fica guardado em nossa memoria através de um aroma ou um gosto. Lendo sobre o assunto achei um texto muito legal, nele mostra como foi que uma simples madeleine fez com  que Marcel Proust (escritor francês) , estimulasse o desenvolvimento do conceito de memoria gustativa.   

"Todos nós provavelmente já passamos pela experiência de comer algo ou sentir um aroma que nos remeteu a uma pessoa, a um lugar, a uma situação. Sim, a comida carrega consigo um forte componente psicoemocional. É o que se pode chamar de memória gustativa e um dos primeiros a abordar o tema foi Marcel Proust, referindo-se às suas queridas madeleines.
 Esses bolinhos franceses têm o formato de conchas de vieiras e a massa bem leve. Tradicionalmente levam farinha de trigo, açúcar, manteiga e água de flor de laranjeira.
De acordo com Maria Lucia Gomensoro, em seu Pequeno dicionário de gastronomia, as madeleines estiveram muito em moda no início do século XX e sua criação pode ser creditada a Avice, pâtissier do príncipe de Taillerand. A difusão do quitute teria ficado por conta de Stanislás Leszcynski, filho do rei da Polônia e irmão da esposa de Luis XV, por volta de 1730.
Mas talvez tenha sido Proust um dos grandes responsáveis pela fama das madeleines, ou madalenas, na Espanha. O ato de mergulhar em uma xícara de chá um desses bolinhos aromatizados serviu de inspiração para o escritor registrar o episódio da madeleine, um dos mais famosos de Em busca do tempo perdido – obra publicada em sete partes, entre 1913 e 1927.
Depois de anos sem comer o tal doce, Proust aceita, contra seu hábito e por acaso, as singelas madeleines – oferecidas agora por sua mãe. À primeira vista, o bolinho molhado no chá não lhe recordava coisa alguma, até ser levado à boca. “E de súbito a lembrança me apareceu. Aquele gosto era o do pedacinho demadeleine que minha tia Léonie me dava aos domingos pela manhã em Combray…”, narra Proust.
A “pequena conchinha de confeitaria, tão gordamente sensual” trouxe à tona um conjunto de memórias congeladas. Os doces umedecidos evocaram a infância, os dias passados na casa dos avós em Combray, as noites de verão, as visitas de um vizinho à noite – as quais impediam sua mãe de ficar ao seu lado e lhe desejar boa noite, causando-lhe desespero.
No posfácio da versão de Em busca do tempo perdido, Volume I – No caminho de Swann –, o tradutor Mário Quintana afirma que essa lembrança involuntária, enterrada sob diversas camadas de esquecimento e indiferença, revela a Proust “uma outra possibilidade de acesso ao passado e a suas riquezas insuspeitas”.
A partir da primeira sensação após degustar o bolinho, Proust parte, portanto, para uma abordagem mais ampla da memória gustativa: “[...] quando nada subsiste de um passado antigo, depois da morte dos seres, depois da destruição das coisas [...], o aroma e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, chamando-se, ouvindo, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, levando sem se submeterem, sobre suas gotículas quase impalpáveis, o imenso edifício das recordações”."
http://dolcissimavita.wordpress.com/tag/memoria-gustativa/

Abaixo uma cena encantadora do filme Ratatouille que demostra essa lembrança pelo paladar.

E para que quiser experimentar essa delicia, segue abaixo um receita(quando achar agua de flor de laranjeira e as forminhas adequadas, farei com certeza).

Você vai precisar de:

1/2 xícara de farinha com fermento
1/2 colher de chá. fermento em pó
1 ovo
1/4 xícara de açúcar granulado
2 colher de chá. água de flor de laranja
4 colheres de sopa de manteiga amolecida sem sal
Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Mão na massa:
Peneire a farinha e o fermento em uma tigela e reserve. Em outra tigela, usando a batedeira, bata o ovo, o açúcar granulado e água de flor de laranjeira em velocidade média por 30 segundos. Aumente a velocidade para alta e bata até que a mistura quadruplicou em volume e é muito grosso, cerca de 10 minutos. Utilizando uma espátula de borracha, cuidadosamente acrescente a mistura de farinha e, em seguida, a manteiga. Coloque a massa em moldes preparados, enchendo cada um cerca de três quartos cheio.
Coloque em forno pré aquecido a 180º até que fique douradinhos na bordas.
Depois de frio polvilhe açúcar.

P.S.: Apesar dele parecer um biscoito, na verdade ele é um bolo e originalmente é molhado no chá.


                                                                                    beijos da Dora

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